segunda-feira, julho 11

Vaga no olho molhado dor contida. Fica lá quase transbordando, quase querendo voltar a sentimento em ebulição, nó na garganta, dor no peito, frio no estômago. Olho avesso ao espelho, boca calada a palavra. Olho que fica. Olho que se agita irado. Vê o tropeço, lê o oculto, sabe o que esconde. Olha por dentro. Lembra o começo. Olho devoto. Olhos sublimes. Olha o que quer. Cala o que vê. Olhos que iludem, olhos enganados, olho vendado. Olhos nadam, olhos pescam, olhos voam, olhos andam por aí abstraídos do resto do corpo. Olhos têm vida própria e esperam. Ah! Como esperam!

olhos de futuro viajante ainda preso ao passado
olhos que inventam histórias e acreditam nelas


Abro os olhos

Olhos de espanto
piscam de quando em quando.

T.
colagem e pintura em prato de vidro, 26cm / maria tereza prado
série releituras de Fornasetti, Themes and Variations

colagem e pintura em prato de vidro, 26cm / maria tereza prado
série releituras de Fornasetti, Themes and Variations


arranca o tempo
espaço de mim
antes que cedo ou tarde
sombra de quem invade
dentro do espaço de mim
que então recebe em demasia
e lança setas que voltam
a esse espaço de mim vazio

pardo

negro

ou escarlate



tereza prado